Se você trabalha com design ou publicidade já deve ter ouvido isso algumas vezes. E mesmo depois de usar todos os argumentos técnicos do mundo, às vezes a gente acaba ouvindo um: “tá bom, então aumenta só um pouquinho”.

O cliente costuma achar que o designer é apenas o manipulador do software. Mas o software é só uma ferramenta que pode ser usada por qualquer um. O que importa é saber o que fazer e como fazer. De nada adianta ter pincéis e tintas que nunca conseguirei fazer um quadro como Van Gogh. Usar martelo e cinzel não faz de mim um Rodin. Da mesma forma que saber manipular um software gráfico não transforma ninguém em designer. O que define o profissional é o conjunto da sua formação, sua bagagem teórica e sua prática.

O objetivo de quem pede pra aumentar a marca é destacar a assinatura da empresa. Recordando as aulas de gestalt, sabemos que existem algumas formas de se destacar um elemento em uma composição: uma delas é por contraste. Pode ser por posição, por movimento, forma, cor, escala… Vejamos alguns exemplos:

Já parou pra observar como você consegue identificar o juiz em uma partida de futebol? Não venha dizer que é porque ninguém passa a bola pra ele. A gente identifica aquele cara porque ele veste um uniforme com cores diferentes das dos dois times. Ele é maior? Não! Aqui falamos de contraste cromático. E como fazer pra identificar o maestro em uma orquestra sinfônica? Dá pra aumentar o cara? Lógico que não! Ele precisa usar uma roupa colorida? Também não. Ele se destaca do restante dos músicos porque é um dos poucos que está em pé, está na frente deles, de costas para a plateia, em um tablado e está afastado do grupo – aqui o contraste é por isolamento!

Rembandt, o mestre do claro-escuro, sabia perfeitamente como isso funcionava. Ele não precisava “aumentar” o personagem para que ele tivesse mais destaque. Pra ele bastava ‘brincar’ com a luminosidade – sem photoshop – para conseguir destacar aquilo que acreditava ser o mais importante na composição.

Degas entendia muito bem como isso funcionava. Basta observar o quadro abaixo para perceber como o mestre se destaca das alunas. Mesmo sendo quase do mesmo tamanho das bailarinas, ele se sobressai porque está afastado e porque sua posição isolada na composição contribui pra esse destaque.

Vejamos a dançarina no poster do Moulin Rouge de Toulouse-Lautrec. Ela se destaca do restante da composição graças à posição (no centro da obra) e à luminosidade da roupa (a saia branca). O olhar até percorre outras partes do poster, mas acaba indo parar nela.

Por sinal, existe um recurso extraordinário nessas duas composições. Algo que é tão comum atualmente que nem chama a atenção dos apressados. Nos dois casos, o objeto principal, o foco de atenção, não estão em primeiro plano.

Como se pode perceber, em nenhum dos exemplos, se usou o artifício de aumentar alguma coisa para se conseguir destaque. Da mesma forma, nem sempre sua marca precisa estar “só um pouquinho maior” para conseguir a atenção necessária.